A gestação é um período no qual o uso de medicamentos é feito com grande cautela pelo risco de como podem interferir no desenvolvimento do bebê.
A maioria das pacientes com enxaqueca sem aura tende a ter alívio das dores de cabeça durante a gravidez, provavelmente relacionado ao aumento do estrogênio nesta fase e à ausência do ciclo hormonal. Esta melhora costuma ser progressiva conforme progride a idade gestacional. O mesmo benefício não é visto naquelas que têm enxaqueca com aura, que podem até mostrar piora da dor, assim como algumas mulheres podem vir a desenvolver aura durante a gestação.
O manejo seguro das crises de dor de cabeça é primordial para o bem-estar do bebê e da mãe. Derivados da ergotamina (marcas conhecidas como Enxaq, Cefalium, Cefaliv) são contraindicados em qualquer fase da gestação, pois estão relacionados a contrações uterinas prematuras, estresse fetal e aborto.
Os anti-inflamatórios (como ibuprofeno, naproxeno e aspirina) quando consumidos no terceiro trimestre da gestação, podem acarretar em alterações cardíacas no bebê, como o fechamento prematuro do ducto arterioso. Seu uso não é aconselhado.
O acompanhamento de gestantes que fizeram uso de triptanos (as marcas mais conhecidas sendo Sumax, Naramig e Maxxalt) mostrou um risco de malformações fetais similar ao dos bebês que não foram expostos a estas medicações e seu uso foi liberado nos EUA durante a gestação em 2018. Apesar de já existirem no mercado há cerca de trinta anos, ainda são a primeira linha de tratamento das crises de enxaqueca.
O tratamento não farmacológico deve ser estimulado em todos os pacientes com enxaqueca, mas especialmente nas gestantes. A exemplo:
Deve-se aconselhar a abordagem multidisciplinar do tratamento de enxaqueca na gestação, incorporando tratamentos não farmacológicos e encorajando um estilo de vida mais saudável, com higiene do sono, hidratação adequada, evitando jejum prolongado, minimizando o consumo de cafeína e praticando atividade física regular.