Você está no trabalho, atrasado em suas tarefas, pressão para todo lado. Está ansioso, preocupado com tudo, um pouco irritado e aí, para piorar, começa uma dor de cabeça. De início era só uma pequena pressão, mas vai ficando mais forte. É a cefaleia do tipo tensional.
Poucas pessoas têm a sorte de nunca ter vivenciado uma experiência como essa. A cefaleia tensional é muito frequente. Atinge a maioria das pessoas, pelo menos em algum período da vida. Entretanto, é pouco conhecida e frequentemente é confundida com a enxaqueca.
A confusão ocorre porque ambas são muito frequentes e, às vezes, convivem uma com a outra. Elas são consideradas cefaleias primárias, aquele grupo das dores de cabeça que são diagnosticadas apenas por suas características e que nada mostram em qualquer tipo de exame complementar.
Para não confundir os nomes:
O diagnóstico é trabalho do médico e dependerá da precisa descrição que você faz de sua dor. Por isso os médicos perguntam tanto sobre como é o tipo da dor: a localização, intensidade, duração, frequência, fatores associados, fatores agravantes e atenuantes e como você descreve as demais sensações que a dor carrega consigo.
A cefaleia tensional geralmente pode ser descrita como uma dor em peso, aperto ou pressão, ao contrário da enxaqueca, que geralmente é latejante. Costuma acometer ambos os lados da cabeça, podendo ser mais na testa, mais na nuca ou na cabeça toda. Já a enxaqueca é mais unilateral. A cefaleia tensional pode ser forte, mas na maioria das vezes é tolerável e compatível com as atividades normais. Por isto costuma ser negligenciada e muitos pacientes tendem à automedicação.
Uma característica marcante da cefaleia tensional é ser associada a problemas emocionais, como ansiedade, estresse, depressão, tensão emocional ou nervosismo. Outros tipos de dor de cabeça são também influenciados por questões psicológicas, mas na tensional isso é mais evidente.
É importante ter sempre em mente que o primeiro passo é um diagnóstico preciso. Já na primeira consulta o especialista poderá diferenciar os tipos mais frequentes de dor de cabeça e iniciar a orientação adequada. E mesmo nos casos mais difíceis e complexos é possível conseguir grande melhora com o tratamento apropriado.
O tratamento depende da frequência dos episódios dolorosos. Se a dor é infrequente, um bom analgésico resolve. Se é mais fraca, pode melhorar mesmo só com um bom relaxamento ou com meia hora de repouso. Se muito frequente, é essencial cuidar para não tomar analgésicos demais. Da mesma forma que na enxaqueca, o uso excessivo de analgésicos pode criar um tipo de efeito rebote e piorar a frequência das dores. Nesses casos há necessidade de tratamento preventivo, quando se utilizam medicações especiais (não são analgésicos) diariamente, durante meses ou ainda mais tempo. Alguns antidepressivos têm ótimo efeito, mesmo em baixas doses (e mesmo em quem não for deprimido). O médico neurologista deve indicar a melhor opção.
Técnicas de combate ao estresse podem ajudar bastante. Exercícios de relaxamento ou de meditação diminuem a ansiedade e a tensão, prevenindo esses importantes desencadeadores de cefaleia. Além disso, diminuem a dor em si. Atividade física regular também pode contribuir. Em casos especiais é necessário o encaminhamento para terapia, quando serão desenvolvidas habilidades de controle emocional como assertividade, controle de raiva, administração do tempo, resolução de problemas e identificação de pensamentos distorcidos.