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Por que você precisa saber o que é AVC?

O cérebro é a máquina mais complexa já estudada pelo homem. Possui potencial para uma incrível racionalidade, com acesso, processamento e armazenamento de toda a informação relevante para a sobrevivência e recompensa do indivíduo. Entretanto, a maximização de sua utilidade depende imensamente do fluxo sanguíneo, que leva os nutrientes indispensáveis para o correto funcionamento neuronal. Quando há um distúrbio no fluxo de sangue no cérebro, as consequências são imediatas e geralmente catastróficas.

Como ocorre o Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O AVC, popularmente conhecido como “derrame”, ocorre justamente quando há um distúrbio na circulação sanguínea cerebral. Pode ser causado por falta de sangue no cérebro, determinando o AVC isquêmico, ou rompimento de uma artéria intracraniana, causando o AVC hemorrágico.

Sabe-se que um indivíduo que sofra a oclusão de uma grande artéria, gerando a interrupção abrupta da circulação sanguínea cerebral, perde em média 2 milhões de neurônios (e consequentemente 14 bilhões de sinapses) por minuto, sendo que este mecanismo de perda é contínuo e somente pode ser cessado com o reestabelecimento da circulação sanguínea na área que está em sofrimento. Por motivos óbvios, quanto mais rápido o indivíduo receber o tratamento, (sim, o AVC tem tratamento), maior será o número de neurônios poupados, e consequentemente, menores as chances de sequelas.

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Infelizmente, o conhecimento dos sintomas de um AVC e a necessidade de agir rapidamente para que o tratamento seja efetivo, ainda não estão difundidos na população, determinando o triste cenário atual. A doença que mais mata e incapacita ainda é um mistério para a maioria das pessoas. Quem nunca teve um familiar, vizinho ou amigo que teve um “derrame”?

Algumas estatísticas acerca do AVC

Pois saiba que o “derrame” está muito mais próximo do que podemos imaginar. Dados atuais demonstram que 1 em cada 6 pessoas terão um AVC durante a vida, sendo a principal causa de morte e incapacidade no Brasil. Atualmente, cerca de 10% das mortes no planeta estão relacionadas ao acidente vascular cerebral.

O AVC isquêmico é de longe o mais comum (>80% dos casos), afetando mais de 500 pessoas anualmente em Joinville. Para que uma pessoa possa melhorar de um AVC, o fator mais importante é o tempo entre o início dos sintomas e o início do tratamento. Quanto mais rápida for a assistência, maior é a chance de recuperação.

Nesta situação, cada minuto é importante e as terapias disponíveis deverão ser implementadas com urgência, visto que tempo perdido é cérebro perdido. Em Joinville os hospitais São José, Centro Hospitalar Unimed e Dona Helena, estão plenamente capacitados com equipes especializadas para o rápido diagnóstico e tratamento 24 horas por dia, 7 dias por semana. Joinville é hoje referência em tratamento do AVC no país, demonstrando que a organização dos serviços públicos e privados traz impacto positivo na saúde da população. Uma das evidências disto é que a mortalidade do AVC isquêmico em Joinville vem apresentando uma queda contínua nos últimos anos.

Atendimento de pacientes com AVC

O paciente com suspeita de AVC agudo deve ser atendido com a mesma prioridade de pacientes com suspeita de infarto agudo do miocárdio ou trauma grave, independentemente da gravidade dos déficits neurológicos. Após a admissão do paciente, o hospital deve dispor de protocolos organizados para que cada etapa do atendimento seja feita no menor tempo possível.

Quando uma pessoa com suspeita de AVC é admitida no hospital, imediatamente se inicia uma série de avaliações clínicas, laboratoriais e de imagem para definir o tipo do AVC e se há possibilidade de tratamento.

Tratamento para AVC

No AVC isquêmico (AVCi), o tratamento de fase aguda visa abrir a artéria que está ocluída, restabelecendo a circulação sanguínea no cérebro. Para tanto, utilizam-se medicações e procedimentos endovasculares (trombectomia) comprovadamente eficazes.

Cerca de 30% dos AVCi são catastróficos, ou seja, o paciente irá falecer ou ficará com sequelas muito graves (acamado, sem contato com o mundo, comatoso, etc). Para estes pacientes o tratamento com a medicação alteplase (rt-PA) é muito pouco efetiva, funcionando em menos de 20% dos casos. No restante dos pacientes (cerca de 80% em que a medicação não teve o efeito desejado), são necessárias cirurgias complementares de urgência e/ou internação prolongada em UTI. Quando o mesmo paciente é tratado por um procedimento minimamente invasivo , chamado de trombectomia mecânica, o sucesso terapêutico com recanalização completa da artéria ocluída pode chegar a cerca de 90%, garantindo desta forma, uma significativa melhora do prognóstico e chance muito maior de sobrevivência / vida independente pós AVC.

Joinville destaca-se no cenário nacional pelo trabalho sério e dedicado realizado há mais de 20 anos por profissionais da Neurológica na otimização dos cuidados preventivos e terapêuticos relacionados ao AVC.

Reconheça os sinais de um AVC, eles iniciam subitamente:

  • Boca torta
  • Fraqueza em um dos lados do corpo
  • Dificuldade para falar

Se qualquer um destes sintomas estiver presente, ligue imediatamente para SAMU (192) ou procure o hospital capacitado para o tratamento.

Dr. Pedro Magalhães

Especialista em Neurorradiologia na Neurológica em Joinville - SC

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