Quanto tempo por dia posso deixar meu filho no videogame? E nas redes sociais? Computador demais faz mal? Pode viciar? Pode dar dor de cabeça? Pode provocar crise epiléptica? Faz mal para os olhos?
Pais estão angustiados à procura destas respostas. Algumas são complexas, outras bastantes simples e estão dentro das próprias casas: o bom senso.
Exposição excessiva a telas pode causar danos à saúde do meu filho?
Crise epiléptica fotossensível
Exposição a estímulos luminosos e a padrões repetitivos de imagens podem desencadear crises epilépticas em crianças suscetíveis. Nas crianças, é até cinco vezes mais comum do que em adultos essa forma de crise epiléptica.
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Crises de enxaqueca
Crises de enxaqueca também podem ser desencadeadas por estimulação luminosa, ou falta de sono.
Menor controle emocional
Baixo limiar de frustrações, falha escolar e desempenho cognitivo prejudicado, também já foram descritos como complicações do uso excessivo de celulares e videogames.
Obesidade
Entre as complicações associadas e frequentes relatadas também estão a obesidade, tendinite de polegar e trombose venosa profunda, por permanecerem longos períodos sentados.
Miopia
O aumento do número de casos de miopia pode relacionar-se a tendência de crianças em passar mais tempo lendo, ou no computador, celulares e jogos.
Transtorno de games: vício em jogos eletrônicos passou a ser considerado um transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde.
A Classificação Internacional de Doenças (CID 11) irá incluir a condição sob o nome de “Transtorno de games”. O padrão de comportamento frequente ou persistente de vício em jogos eletrônicos, é tal que leva “a preferir os jogos a qualquer outro interesse na vida”. Os critérios estabelecidos para o diagnóstico do transtorno deverão incluir:
- Não ter controle de frequência, intensidade e duração com que joga videogame.
- Priorizar jogar videogame a outras atividades.
- Continuar ou aumentar a frequência com que joga videogame, mesmo após ter tido consequências negativas desse hábito.
Tempo de exposição às telas recomendado por idade
A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria têm recomendações semelhantes quanto ao tempo de tela, e ressaltam que “tempo de tela” é entendido como o período que a criança usa os eletrônicos (smartphone + videogame + computador + televisão) para entretenimento.
- Bebês (antes dos 18 meses): nenhuma exposição diária às telas.
- 2 a 5 anos: uso limitado a uma hora por dia, de programação de qualidade e apropriada à idade.
- 6 anos e mais: cabe aos pais determinar a quantidade de tempo com base nas recomendações gerais, mas sempre com monitoramento dos conteúdos a que a criança tem acesso. Nunca maior de 2 horas por dia.
15 Regras simples que precisam ser pensadas
- Quem estabelece regras e limites são os pais.
- Tarefas escolares são mais importantes (sempre).
- Jogos e redes sociais podem esperar.
- Conheça detalhadamente o jogo que seu filho está jogando. Não permita jogos violentos.
- Ninguém deve estar conectado a aparelhos eletrônicos o dia inteiro.
- Evite deixar seu filho em rede social ou games após às 21h. Crianças e adolescentes devem dormir cedo, e ter pelo menos 8 horas de sono. O uso de eletrônicos deve ser suspenso no mínimo uma hora antes do horário de dormir.
- Atividades esportivas devem fazer parte da rotina.
- Compense as horas vagas com outras atividades recreativas: música, dança, artesanato, idiomas, ioga, escotismo, culinária, fotografia, pintura.
- Desautorize o uso de celular durante as refeições (ou em atividades coletivas, incentive a socialização).
- Seu filho realmente não precisa ter o melhor celular do mundo (nem o mais caro).
- Aprenda a configurar o sistema de restrição de conteúdo por idade (tanto para celulares, quanto para o computador).
- Estimule seu filho a participar das reuniões sociais da família. Visitar avós e tios é saudável e enriquecedor.
- Programe passeios para locais sem acesso à internet. Lembre-se que as crianças não irão atrás de outras atividades, sendo responsabilidade dos pais oportunizar, sugerir e estimular as mesmas.
- Converse claramente sobre o perigo de mensagens ofensivas, inadequadas, obscenas ou discriminatórias.
- Computador ou televisão nos seus próprios quartos, às portas fechadas, não é recomendado para crianças menores de 10 anos, quando são mais vulneráveis a conteúdos inapropriados (pedofilia, venda de drogas, brincadeiras e desafios, bullying cibernético).
Os pais são a maior referência comportamental para os filhos
O apoio e suporte da família é fundamental. Pais devem estar presentes em todos os momentos, atentos aos movimentos, amigos, notas e comportamentos estranhos de seus filhos. É no lar que se moldam o caráter e as crenças, e onde se fortalecem os vínculos. Sejam firmes e afetuosos com seus filhos.
Lembrem-se que os pais são os modelos de referência. Quanto tempo por dia você utiliza o celular?
Dr. Julio Koneski é Neuropediatra na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça os tratamentos realizados em Neuropediatria.