A neurociência explica como nosso cérebro reage à meditação. Várias estruturas cerebrais sofrem influência desta prática milenar e pacientes em várias faixas etárias podem se beneficiar de atividades regulares de meditação.
É uma forma de treino mental que visa melhorar capacidades psicológicas, como atenção e auto-regulação emocional. É uma prática milenar, iniciada na cultura oriental, com inspirações do budismo e hinduísmo, em harmonia com outras práticas com Yoga, Tai-chi e Chi-dong. É classicamente associada à espiritualidade e ao auto-descobrimento, porém nas últimas décadas vem sendo de grande interesse no campo das neurociências.
Há diferentes modalidades, das quais a Mindfulness (atenção ao momento presente), inspirada em tradições budistas, vem sendo de grande interesse para as pesquisas. Seus pilares consistem no controle da atenção, regulação emocional e auto-consciência.
Fases iniciais de Mindfulness (alguns dias a poucas semanas de prática) resultam em melhora na análise de conflitos, enquanto fases avançadas (meses a anos) estão principalmente relacionados a melhora do grau de alerta e atenção geral.
A principal região cerebral envolvida é o giro do cíngulo e estruturas profundas, como o estriado. Além disso, pacientes que praticam meditação regularmente apresentam menor perda de volume cerebral e menor perda de rendimento em testes de atenção ao longo dos anos.
Aqui estamos nos referindo a estratégias que podem influenciar o modo em que as emoções vêm à tona (qual emoção, como, quando e por quanto tempo). Práticas regulares estão associadas a menor intensidade e menor impacto de afetos negativos e melhora do humor.
Os dados levantados para esta parte do estudo, que refere-se a olhar para si mesmo como algo dinâmico, não estático, ainda são muito iniciais, porém igualmente interessantes. Há melhora de autoestima e autoaceitação. Os praticantes também apresentam maior consciência sobre a transitoriedade das coisas.
Estudos de neuroimagem apontam que esta modalidade de meditação exerce influência sobre uma complexa rede neuronal, chamada default mode network, além de outras estruturas, como ínsula, córtex pré-frontal, cingulado posterior e precuneus.
O conhecimento das vias neuronais sob ação da meditação ainda é inicial. Espera-se que o conhecimento avance em breve. Entretanto, já é nítido que a meditação exerce atuação na plasticidade neuronal, interferindo tanto nas estruturas quanto nas funções cerebrais. Assim, a prática pode ser uma interessante estratégia complementar no tratamento de condições como alterações comportamentais, déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade e dores crônicas.
Fonte: The neuroscience of mindfulness meditation (Nature)