Durante a gravidez algumas mulheres apresentam queixas neurológicas, que normalmente não são relacionadas diretamente à gravidez. O que ocorre é uma maior intensidade de condições pré-existentes. Dentre as principais queixas neurológicas apresentadas pelas gestantes, crises epilépticas e dores de cabeça são as mais comuns.
Problemas próprios da gravidez também podem se manifestar com alterações neurológicas, entretanto são menos frequentes.
Existem vários tipos de cefaleia e o tratamento que funciona para uma, pode não ser efetivo para outra. O surgimento de dor de cabeça durante a gestação ou a mudança de padrão de dor devem sempre ser discutidos em detalhe com o neurologista que acompanha a gestante.
Levando em consideração o bem-estar e a segurança da mãe e do bebê, o tratamento das dores de cabeça precisa ser adaptado neste período. As medidas não-farmacológicas ganham destaque, indicando-se:
O uso de suplementos de vitamina D, magnésio e coenzima Q10 pode ajudar, mas somente sob orientação médica e em doses adequadas para a gravidez. Quando for necessário utilizar medicações analgésicas, a dor deve ser tratada e o neurologista poderá orientar sobre opções seguras neste período.
Bloqueios anestésicos e neuroestimulação podem ser alternativas seguras naquelas pacientes em que os tratamentos anteriores não forem suficientes.
A abordagem da epilepsia na mulher deve iniciar antes mesmo da concepção, com particularidades no ajuste medicamentoso e cuidados específicos. Algumas medicações podem estar relacionadas com complicações no bebê, sendo indicada a discussão detalhada e avaliação para possível troca de esquema.
A suplementação de ácido fólico está recomendada a todas as mulheres epilépticas em idade fértil com desejo de gestar.
Mulheres com epilepsia podem apresentar melhora, estabilidade ou até mesmo piora das crises durante a gravidez, como efeito das variações hormonais. Para gestações planejadas é recomendado aguardar o momento de bom controle das crises para engravidar.
Nesta fase há mudanças importantes no organismo da mãe e na maneira como ele reage à medicação, muitas vezes sendo necessário acompanhar e ajustar a dose. As crises, por sua vez, são potencialmente perigosas tanto para a mãe quanto para o bebê, também exigindo ajustes para conferir maior segurança a ambos.
A escolha da via de parto nestas pacientes é habitualmente de definição obstétrica, mantendo sempre o cuidado de continuar tomando medicações normalmente. A rede de apoio familiar é essencial para todas as pacientes, entretanto ainda mais para aquelas portadoras de epilepsia. Ter ajuda para poder tirar cochilos, evitando assim a privação de sono (que pode resultar em piora do controle de crises), pode fazer toda a diferença.
Ajustes específicos em condições corriqueiras da vida da gestante ou puérpera (período que inicia logo após o parto e dura até o 45º dia do bebê) podem resultar em melhora da segurança e qualidade de vida da mãe e do bebê, e devem ser discutidos em detalhe com o neurologista familiarizado com o tratamento de epilepsia.
Queixas neurológicas são comuns durante a gestação e o manejo adequado pode resultar em melhora da qualidade de vida e segurança de mãe e bebê. Acompanhamento neurológico especializado pode auxiliar na fase pré-concepcional (com orientações e esclarecimentos para planejar a gravidez com cuidado), durante a gestação (acompanhando e ajustando medicações, quando necessário) e após o nascimento do bebê (para orientações e adaptações relacionadas à amamentação e ao período pós-parto).
Dra. Lara Pizzetti Fernandes e Dra. Vera Braatz são neurologistas na Neurológica, em Joinville (SC). Conheça os tratamentos em Toxina Botulínica e Epilepsia.