Grande parte da medicina é aprendida conversando com os pacientes. Os livros servem de guia, entretanto são os pacientes que permitem a tradução da complexa terminologia técnica em uma experiência humana. Paradoxalmente nossos pacientes são o caminho e o objetivo da nossa jornada. Na realidade aprendemos que os enfermos, com suas histórias, circunstâncias, vontades e crenças nem sempre estão alinhados com preceitos científicos categóricos aos quais somos doutrinados.
A complexidade do sistema nervoso exige dedicação, disciplina, atenção a detalhes e uma inquietante curiosidade. O cérebro é o centro do universo pessoal, ele transforma um mundo caótico de matéria e energia em sinais elétricos, permitindo que tenhamos consciência de nós mesmos, assim como do ambiente no qual estamos inseridos.
Todos os processos cerebrais podem ser resumidos a sensibilidade, movimento, emoção, memória e comunicação. A combinação destes processos permitiu que nos tornássemos seres com habilidade de criar, explorar, interagir e evoluir. O cérebro guarda nossos maiores sonhos e esperanças, assim como nossos piores sentimentos e pesadelos.
A obscura relação de distúrbios neuronais pode gerar sintomas complexos exigindo do neurologista, não somente conhecimento técnico e científico, mas também uma forte noção de propósito, empatia e cumplicidade no trajeto em direção a cura. Mesmo nas situações em que a enfermidade insiste em prevalecer, a preservação da dignidade individual, ameniza o sofrimento e respeita uma história de vida, na qual a doença é uma pequena parte da riqueza do indivíduo.
“Se o cérebro fosse tão simples que nós pudéssemos entendê-lo nós seríamos tão simples que não poderíamos” – Emerson Pugh