Em dezembro de 2019, muitos casos de pneumonia de origem desconhecida foram identificados em Wuhan, China. Estes casos foram posteriormente atribuídos a infecção pelo novo Coronavírus, em uma doença chamada COVID-19, que em fevereiro de 2020 ganhou o título de pandemia, tendo em vista sua gravidade e capacidade de transmissão.
A transmissão ocorre de uma pessoa doente para outra através de gotículas – podendo ocorrer mesmo antes do início dos sintomas, ou pelo contato com estruturas contaminadas (como superfícies, celulares, maçanetas). Pacientes idosos e com comorbidades clínicas (particularmente hipertensão arterial e cardiopatia) são o grupo de maior vulnerabilidade. O quadro clínico pode variar desde infecções assintomáticas até quadros respiratórios graves.
Os sintomas mais comuns, que iniciam em média 5 dias após o contágio, incluem febre, tosse seca e falta de ar. Sintomas neurológicos podem ocorrer em até 36% dos avaliados em estudo recente publicado em conceituada revista científica JAMA Neurology, e incluem:
Quadros neurológicos como cefaleia, tontura, alteração de nível de consciência, acidente vascular cerebral ou crises epilépticas estão incluídos neste grupo. Cefaleia é o mais frequente, e não tem relação com a gravidade da infecção pelo coronavírus. Alteração de nível de consciência, acidente vascular cerebral e crises epilépticas estão relacionados com quadros mais graves de COVID-19.
Neste grupo estão incluídas alterações de olfato, paladar e visão borrada. As alterações de olfato são particularmente interessantes, sendo sintoma fortemente preditivo de COVID-19 mesmo não tendo relação com gravidade da doença.
O principal sintoma desde grupo é dor muscular, podendo ou não vir acompanhada de alterações em exames de sangue indicativas de lesão muscular, como elevação de CPK.
SARS-Cov-2 pode infectar também o sistema nervoso e músculo-esquelético, além do trato respiratório.
Pacientes com COVID-19 podem apresentar manifestações neurológicas, e em tempos de pandemia, isto deve ser levado em consideração quando avaliamos pacientes com sintomas sugestivos.