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Como a deficiência intelectual se manifesta, classificação e causas

A inteligência do ser humano é a capacidade que temos de agir intencionalmente afim de resolver problemas simples ou complexos, e que essas ações gerem aprendizado contínuo.

O funcionamento intelectual é resultado de um intrincado mecanismo de conexões neuronais, que se sobrepõe hierarquicamente, funcionando de modo síncrono. O desequilíbrio desse delicado sistema ocasionará um mau funcionamento com consequente perdas de funções intelectuais.

Pessoas com deficiência intelectual (DI) são vítimas de preconceito da sociedade. Dentre as pessoas com necessidades especiais, são as que têm menos oportunidades de emprego, e muitas vezes são apenas considerados preguiçosos ou malandros. Estudos indicam que de 2%-4% da população tenha funcionamento intelectual abaixo da média.

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Como a Deficiência Intelectual se manifesta

A deficiência intelectual é diagnosticada quando o indivíduo apresenta um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades:

  • Comunicação;
  • Autocuidados;
  • Vida doméstica;
  • Habilidades sociais/interpessoais;
  • Uso de recursos comunitários;
  • Autossuficiência;
  • Habilidades acadêmicas;
  • Trabalho;
  • Lazer; e
  • Saúde e segurança.

O diagnóstico deverá ser confirmado tanto pela avaliação clínica quanto por testes de inteligência padronizados e individualizados. O teste de QI é uma estimativa da habilidade cognitiva de uma pessoa, expressada por um valor, padronizado a partir da relação com a idade da pessoa avaliada. O teste deverá ser realizado por um profissional habilitado e capacitado, como psicólogos e, geralmente, com formação em neuropsicologia.

Como a Deficiência Intelectual é classificada

A maior parte da população tem inteligência normal e dentro de uma média, e mesmo nesta faixa normal existem pessoas mais ou menos inteligentes. Da mesma maneira, quando falamos em DI temos diversos níveis, com diferentes graus de comprometimento e limitações em seu funcionamento adaptativo.

A Classificação Internacional das Doenças, da Organização Mundial da Saúde (CID-10, 1998), define e classifica a DI em 4 níveis, considerando os resultados nos testes de quociente de inteligência (Qi) e na capacidade funcional da pessoa:

  • Retardo mental leve (Qi entre 50-69)
  • Retardo mental moderado (Qi entre 35-49)
  • Retardo mental grave (Qi entre 20-40)
  • Retardo mental profundo (Qi abaixo de 20)

Causas para a Deficiência Intelectual

Quanto mais leve for o grau de comprometimento intelectual, menor a possibilidade de encontrarmos uma causa. Estas condições deficitárias são próprias daquelas pessoas, uma característica herdada geneticamente. Por outro lado, quanto maior for o grau de deficiência, maior a possibilidade de identificarmos a causa, através de exames apropriados.

Anomalias cromossômicas, doenças maternas adquiridas na gestação, uso de álcool, tabaco ou drogas na gravidez estão entre as principais causas. Deve-se ainda investigar malformações cerebrais, doenças metabólicas, doenças infecciosas intrauterinas (Rubéola, Zika, Toxoplasmose), asfixia, epilepsia ou mesmo desnutrição grave especialmente no primeiro ano de vida.

Além de um completo exame neurológico, alguns exames complementares serão necessários como ressonância e tomografia, eletroencefalograma, pesquisa de erros inatos do metabolismo ou painel para doenças genéticas.

Evolução da Deficiência Intelectual ao longo da vida

Pessoas com DI leve são capazes de ter uma vida independente e desempenhar um papel socialmente adequado. São capazes de aprender a ler e escrever, e podem até cursar faculdades se forem bem conduzidas ao longo de sua vida escolar. No geral, tem empregos simples e são muito úteis para a sociedade. Casam-se com pessoas de inteligência também inferior e são capazes de gerar filhos saudáveis.

A legislação brasileira impede qualquer tipo de discriminação à pessoa portadora de necessidades especiais. Inclusive, é considerado crime recusar ensino, impedir acesso a cargo público ou dificultar assistência médico-hospitalar (Lei 7853/89).

A expectativa de vida desse grupo de DI leves é igual à da população geral. Hoje, boas escolas e universidades desenvolvem programas de capacitação de docentes, habilitando-os a acolher, incluir e inserir essa população, tornando-os indivíduos melhores preparados para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade.

DI moderados, com muito esforço e suporte adequados poderão aprender a ler e escrever de um modo simples, e exercer atividade profissional supervisionada e limitada. No geral, são semidependentes, com limitações no relacionamento social e com grande dificuldade em tomadas de decisões.

Os indivíduos com DI grave e profunda são dependentes para as atividades da vida diária, com limitada capacidade de comunicação, e necessidade de cuidadores ao longo da vida para tomada de decisões.

Dr. Julio Koneski é Neuropediatra na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça os tratamentos realizados em Neuropediatria.

Dr. Julio Koneski

Especialista em Neuropediatria na Neurológica em Joinville - SC

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