5 causas de esquecimentos e lapsos de memória em pacientes jovens

É cada vez mais comum pacientes na faixa dos 30 a 40 anos preocupados com seus esquecimentos, com medo de alguma doença mais grave, principalmente a Doença de Alzheimer. Como já mencionado em posts anteriores, esta doença acomete geralmente indivíduos acima dos 60 anos. Sendo extremamente rara em pacientes jovens.

Como diferenciar um esquecimento ou lapso de memória de um problema mais grave?

O importante é observar qual é a dificuldade apresentada e com qual frequência ela aparece. Esquecimentos eventuais, especialmente em momentos de muito cansaço ou estresse emocional, costumam ser aceitáveis.

Quando há comprometimento das atividades de vida diária, com queda no rendimento e performance no trabalho e no ambiente acadêmico, faz-se necessário uma avaliação com um médico neurologista.

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Além disso, dificuldade em manipular dinheiro, dirigir ou realizar rotas em locais previamente conhecidos, bem como alterações na linguagem e mudanças na personalidade são sintomas que merecem atenção especial.

Principais causas de esquecimento ou lapso de memória

1) Estresse e ansiedade

A ansiedade é a principal causa de perda de memória em todas as faixas etárias, principalmente em jovens. Nesta condição, ocorre ativação de múltiplas regiões cerebrais e aumento da atenção e hipervigilância a estímulos ameaçadores, levando a lapsos de memória por desatenção e falta de concentração.

Por esse motivo, é comum haver uma perda de memória repentina em situações como uma apresentação oral, uma prova ou após uma acontecimento estressante.

Além disso, estudos científicos vêm demonstrando que situações de estresse crônico levam à liberação excessiva do hormônio cortisol. Isso pode prejudicar a memória a curto prazo ou até mesmo causar a atrofia regiões do cérebro relacionadas ao armazenamento de informações.

2) Depressão

Importante causa de esquecimentos em jovens, principalmente devido a redução de neurotransmissores essenciais para as funções cognitivas, como a serotonina, dopamina e noradrenalina. Além de causar disfunção executiva (dificuldade no planejamento e realização de tarefas) e déficit de atenção.

É comum déficit na velocidade de processamento das informações. Pacientes habitualmente queixam-se de estarem mais lentos para realizar as tarefas do dia a dia.

3) TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Esse distúrbio neuropsiquiátrico geralmente inicia na infância com dificuldade de aprendizagem e é caracterizado pela tríade de desatenção, impulsividade e hiperatividade.

Cerca de 50% dos pacientes podem ser diagnosticados somente na vida adulta, com sintomas passando despercebidos ou negligenciados durante a infância e adolescência.

Em adultos, predominam os sintomas de desatenção. Acarreta prejuízo tanto na vida pessoal quanto acadêmica/profissional.

Sintomas frequentes desta condição:

  • Não escutar quando lhe dirigem a palavra.
  • Ser facilmente distraído por estímulos externos.
  • Ser esquecido em relação a atividades cotidianas.
  • Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades.
  • Perder objetos necessários às tarefas ou atividades.
  • Evitar, não gostar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado. É comum o hábito da procrastinação nesses indivíduos.
  • Deixar de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou durante outras atividades.
  • Não seguir instruções, não consegue terminar tarefas domésticas ou tarefas no local de trabalho.

4) Privação de sono crônica

Durante o sono ocorrem diversas funções importantes para o nosso organismo como a regulação das funções endócrinas, restauração da energia e do metabolismo cerebral, a reparação dos tecidos, além da consolidação das memórias.

Assim, a privação do sono (dormir menos que 6 a 8 horas), especialmente quando é crônica ou acontece de forma repetida, pode trazer graves consequências à saúde, como prejuízos à memória e aprendizado, dificuldade em tomar decisões, redução da atenção, alterações do humor e risco de desenvolver doenças psiquiátricas.

5) Medicamentos

O uso prolongado e indiscriminado de remédios sedativos, hipnóticos (como o zolpidem), ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes e calmantes (como rivotril e diazepam) podem afetar a memória e causar esquecimentos.

O uso destes medicamentos deve ser indicado pelo seu médico de confiança, com consultas frequentes e monitoramento de efeitos adversos.

Dra. Nayara dos Santos Reimer é Neurologista na Neurológica, em Joinville (SC). Conheça os tratamentos em Neurologia.

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