

A esclerose múltipla é uma doença inflamatória, autoimune, desmielinizante do sistema nervoso central (SNC). Caracterizada por inflamação e desmielinização da bainha de mielina dos axônios de neurônios no encéfalo e medula espinhal. Trata-se de uma doença crônica, complexa, com evolução imprevisível, potencialmente incapacitante a longo prazo e acomete principalmente adultos jovens e tem propensão pelo gênero feminino.
Prevalência de esclerose múltipla no Brasil e no mundo
A doença é mais frequente em regiões de clima temperado, longe do equador, com maior prevalência (150 a 300/100 mil habitantes) no norte da Europa, Estados Unidos e Canadá. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a taxa de prevalência no Brasil é de aproximadamente 15 casos / 100 mil habitantes. Em um estudo realizado por pesquisadores da Neurológica, em janeiro de 2014, na cidade de Joinville – SC, constatou a taxa de prevalência bruta de 17.1 (IC 95%, 13.7 – 20.9) casos por 100 mil habitantes. Tais diferenças corroboram no entendimento que a doença tem influências ambientais e genéticas em sua etiopatogenia.
Sintomas comuns de esclerose múltipla
- Formigamentos (parestesias) de membros e/ou partes do corpo (por exemplo, parte do abdome).
- Desequilíbrio.
- Dificuldade de coordenação.
- Neurite óptica (redução da acuidade visual, dor ocular ou defeito na visão central).
- Disfunção ou alteração no controle urinário e intestinal.
- Fadiga, e entre outros.
Denominamos surto, ataque, exacerbação ou recidiva, o surgimento ou agravamento destes sinais e sintomas neurológicos com duração igual ou superior a 24 horas. A apresentação clínica / sintomática é muito variada, e acordo com a região do sistema nervoso afetado. A doença se caracteriza por afetar áreas diversas do cérebro e medula em diferentes tempos. Daí o nome de esclerose múltipla. Em alguns casos, as lesões no SNC podem ser silenciosas (não apresentam sintomas), sendo identificados através de exames de imagem – ressonância magnética, sendo este, o exame mais importante para o diagnóstico e acompanhamento, a fim de verificar a atividade e controle da doença.
Formas clínicas da doença
Através da evolução da doença, podem ser classificadas as formas clínicas:
- Síndrome clínica isolada (CIS).
- Surto-remissão ou remitente-recorrente (EMRR).
- Primária progressiva (EMPP).
- Secundária progressiva (EMSP).
- Progressiva recidivante (EMPR).
A forma mais frequente (70% a 80% dos casos) é a EMRR, caracterizada por exacerbação (surtos) seguido de melhora parcial ou total dos sintomas. Cerca de 85% dos casos, evoluem para a EMSP após 10 anos. A forma PP ocorre de 10% a 15%, em faixa etária mais tardia. Nesta forma, a progressão da doença ocorre desde a sua manifestação e, embora não aconteça surtos bem definidos. Já a forma SP está presente entre 15% a 20% dos casos. Caracterizada pela progressão contínua do quadro neurológico, independente da ocorrência de surtos.
Diagnóstico de esclerose múltipla
Para se realizar o diagnóstico definitivo da doença são considerados os dados clínicos, de imagem e laboratoriais, com base nos critérios de McDonald que foram recentemente revisados em 2017. Sendo necessários em alguns casos a realização da punção lombar e coleta do liquido cefalorraquiano para a pesquisa das chamadas BOC (bandas oligoclonais), que auxilia no diagnóstico.
Possibilidades de tratamento para a esclerose múltipla
O tratamento para a doença deve ser individualizado e iniciado o mais breve possível. Atualmente existem diversos medicamentos disponíveis no mercado para o tratamento da EM, entretanto em virtude do alto custo dos mesmos, praticamente todos os pacientes dependem do acesso pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para recebe-los. E para tal, é necessário seguir o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla (PCDT), de acordo com as estratégias terapêuticas estabelecidas:
- Primeira linha de tratamento: Betainterferonas, glatirâmer ou teriflunomida.
- Segunda linha de tratamento: Betainterferona, glatirâmer, teriflunomida, fumarato de dimetila ou fingolimode.
- Terceira linha de tratamento: Fingolimode.
- Quarta linha de tratamento: Natalizumabe.
O Neurologista avaliará individualmente alguns aspectos para indicar o tratamento ideal, desde a forma clínica da doença, o perfil e as condições de saúde do paciente, entre outros.
Considerando a complexidade da doença, é recomendável que os pacientes sejam atendidos e acompanhados em Centros de Referência no atendimento da EM.
A Clínica Neurológica dispõe o Centro de Atendimento a Pacientes com Esclerose Múltipla e outras doenças desmielinizantes, com a coordenação do Dr. Alexandre Luiz Longo (CRM/SC: 5846) e Enfermeira Rafaela Bitencourt Liberato (COREN/SC: 345.044). Os pacientes contam com uma estrutura organizada, atendimento agendado, acompanhamento médico e de enfermagem e laboratório de apoio local.
Além do atendimento, a Neurológica possui um Centro de Pesquisa que dentre outras patologias, envolve a esclerose múltipla. Os pacientes podem ser convidados a virem participar como sujeitos de pesquisa de novas modalidades terapêuticas ainda em fase de estudos, alguns não disponíveis no Brasil ou via sistema único de saúde (SUS).