Prevenção de Alzheimer e outras demências

Com certa frequência, pacientes vêm ao consultório preocupados com a possibilidade de vir a desenvolver algum tipo de demência, principalmente aqueles que já conviveram de perto com algum caso na família.

A medicina ainda não disponibiliza de tratamentos eficientes para as síndromes demenciais e o combate a essas doenças enfoca a prevenção. Manter hábitos de vida saudáveis e tratar comorbidades (doenças paralelas) que aumentam o risco de demência têm boas influências para evitar este problema.

Dois trabalhos importantes reforçam esta observação:

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Estudo sobre demência em mulheres x nível de aptidão física

Um artigo lançado na reconhecida revista Neurology acompanhou um grupo de mulheres em torno de 50 anos de idade, durante 44 anos, avaliando sua capacidade física através de um teste na bicicleta ergométrica, que era repetido a cada 6 anos. Os resultados mostraram que 23% das mulheres desenvolveram demência no decorrer dos anos, mas que a incidência diferia (diminuía) significativamente de acordo com o seu nível de aptidão física:

Nível de aptidão física Risco de demência
Alto 5%
Médio 25%
Baixo 32%
Não conseguiram terminar o teste 45%

Além de ter um risco 88% menor de desenvolver demência, as mulheres com melhor desempenho apresentaram a doença 11 anos depois daquelas com médio desempenho.

Estudo sobre demência x consumo elevado de bebida alcoólica

Já um estudo francês, publicado na revista científica The Lancet, que analisou 30 milhões de pessoas, mostrou que aqueles com um consumo elevado de bebida alcoólica apresentaram 3 vezes mais risco de desenvolver demência, e que metade dos casos de demência precoce tinham história de abuso de álcool.

A exposição ao álcool muda a forma que as células de defesa protegem o nosso cérebro de fatores agressores. Já havia sido comprovado que pacientes com problemas relacionados ao álcool têm mais alterações da substância cinzenta no cérebro, mas até então não tínhamos estudos com uma amostra tão grande de pessoas que abordava o risco do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza o consumo excessivo quando se ingere mais de 60g de álcool puro para homens (cerca de 6 doses de bebida alcoólica ao dia) e 40g para mulheres (cerca de 4 doses).

Como estes estudos contribuem na prevenção de Alzheimer e outras demências

Já é conhecida a importância da medicina preventiva, mas para aqueles ainda não convencidos, esses foram dois dos 5 artigos mais acessados por neurologistas na principal plataforma de atualização médica dos Estados Unidos.

Essas conclusões sugerem que o consumo excessivo de álcool talvez seja o fator de risco modificável mais significativo para demência e que comprometer-se à prática de atividade física regular na meia idade parece proteger o cérebro, mesmo quando somos mais idosos.

Dra. Lara Pizzetti é Neurologista na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça os tratamentos realizados em Neurologia.

Dra. Lara Pizzetti Fernandes

Especialista em Toxina Botulínica na Neurológica em Joinville - SC

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