Perguntas e respostas sobre memória

Memória é a habilidade cognitiva de aprender e consolidar novas informações para o uso posterior. O cérebro não é capaz de armazenar os detalhes de todos os momentos da vida. Por isso ele seleciona o que será armazenado de acordo com a relevância, mas nem sempre este processo é racional. As emoções interferem diretamente na capacidade de armazenamento. Basicamente, para nós memorizarmos algo precisamos de uma tríade: atenção, motivação e memória. Confira algumas dúvidas comuns relacionadas a esse tema, respondidas pela Dra. Nayara dos Santos Reimer, Neurologista da Neurológica.

1 – Quais são os diferentes tipos de memória?

Memória de curto prazo ou memória de trabalho/operacional: retém informações por segundos. A informação não é consolidada, apenas manipulada mentalmente por pouco tempo. Por exemplo: quando alguém passa o número do celular.

Memórias de longo prazo

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  • Declarativas: podem ser acessadas de forma consciente. Dentro deste grupo, existe a memória episódica (experiências auto-biográficas) e a memória semântica (conceitos e conhecimento geral).
  • Não declarativas ou implícitas: o conteúdo é acessado de forma inconsciente, inclui a memória de procedimento, relacionada ao aprendizado motor.

2 – Pode acontecer falta de memória pelo excesso de informação?

Sim, atualmente as informações são facilmente disponíveis e as pessoas estão conectadas 24 horas por dia, pelo celular, tablet e computador. Esse excesso de informações acaba prejudicando a memória pela falta de foco, desatenção e dificuldade para tomar decisões. Sobrecarga no trabalho, estresse e ansiedade também são causas comuns de falta de memória.

3 – A memória das crianças e dos adultos funciona da mesma maneira?

O cérebro da criança está em formação e ainda não possui todas as estruturas responsáveis pela memória, embora ela também apresente uma memória seletiva, armazenando estímulos importantes. Mas é somente aos 4 anos que as áreas responsáveis pela memória (lobos temporais e os hipocampos) amadurecem e passam a surgir as lembranças. Nesta fase é importante estimular ainda mais a criança, com jogos educativos, aprendizado de outro idioma e socialização com outras crianças.

4 – Uma pessoa com “memória ruim” tem mais chances de desenvolver a Doença de Alzheimer?

Não. É importante entender a diferença. Nem todo esquecimento representa um problema de memória e nem todo problema de memória indica que a pessoa terá Doença de Alzheimer. Na verdade, ao contrário da crença popular, a Doença de Alzheimer não é a principal causa de esquecimentos. A ansiedade é a principal causa, principalmente em jovens. O que acontece é que a ansiedade e o estresse ativam várias regiões do cérebro, causando desatenção e falta de concentração.

Outras causas de esquecimentos: depressão, principalmente em idosos, pode causar falta de memória muito semelhante a Doença de Alzheimer, hipotireoidismo e a deficiência da vitamina B12.

5 – Tem como evitar a Doença de Alzheimer?

Sim. Especialmente evitando os principais fatores de risco. Para prevenir esta doença, é recomendável a prática regular de atividade física (pelo menos 2 horas por semana), ter uma dieta balanceada, combater ativamente a obesidade, tratar a hipertensão arterial, o diabetes e dormir bem. Se houver perda de audição, utilizar aparelhos auditivos. Se houver depressão, tratar com antidepressivos e psicoterapia. É importante também manter a socialização. Além de se manter cognitivamente ativo, através de leitura, jogos como xadrez, caça-palavras ou palavras cruzadas, aprender um novo idioma ou um instrumento musical.

6 – Quando é a hora de se preocupar com os lapsos de memória?

Quando eles forem persistentes e progressivos, causando baixo rendimento e performance no trabalho e nas atividades habituais do dia a dia. Resumidamente, quando houver limitações nas atividades do cotidiano.

7 – Como estimular a memória?

Além das recomendações citadas anteriormente, como a prática de atividade física e dieta balanceada, algumas estratégias que podem ajudar:

  • O hábito de escrever pode ajudar a lembrar e memorizar as coisas.
  • Fazer associações assimilando e armazenando informações com imagens por exemplo.
  • Repetir várias vezes o que se quer gravar.
  • Fazer uso de uma agenda. O cérebro entende melhor as informações organizadas com padrões de dias e semanas.
  • Manter-se ativo cognitivamente através de leitura, aprendizado de um novo idioma ou de um instrumento musical.
  • Combater o estresse para manter a mente saudável, dormindo bem, desligando-se do celular, tablet e computador. Ter atividades de lazer.

8 – No trabalho, como pode-se organizar para lembrar de todos os compromissos do dia?

Uma boa dica é logo de manhã fazer uma lista de tudo o que precisa ser feito no dia, e colocar uma ordem de prioridade. A utilização de agendas e calendários também é importante.

Além disso, evitar o uso do celular e redes sociais durante o trabalho pode ajudar, pois são grandes fontes de distração e este excesso de informações gera cansaço e fadiga mental.

Dra. Nayara dos Santos Reimer é neurologista na Neurológica, especialista em demência e distúrbios do movimento em Joinville (SC). Conheça os tratamentos em Neurologia.

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