Neste artigo traduzido da Medscape, você conhecerá o novo implante cerebral que tem o potencial de revolucionar a vida de pacientes com paralisia.
Uma nova interface cérebro-computador (BCI – do inglês, Brain Computer Interface) oferece segurança e eficácia para o tratamento de pessoas com paralisia causada por Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Testado em humanos pela primeira vez, o implante cerebral permite que estes pacientes voltem a praticar tarefas da vida diária.
Desta forma, o equipamento tem o potencial de revolucionar a vida de pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. Minimamente invasivo, ele permite a realização de tarefas importantes do cotidiano.
“Nossos pacientes são capazes de usar o dispositivo para realizar tarefas como enviar e-mails, enviar mensagens de texto para entes queridos e cuidadores, navegar na web e fazer finanças pessoais, como serviços bancários on-line”, explica Douglas J, Weber, PhD e professor de engenharia mecânica e neurociência da Carnegie Mellon University, dos Estados Unidos.
Além disso, o implante cerebral permitiu que um paciente escrevesse um livro – a ser publicado ainda neste ano. “Conseguimos até fazer com que uma pessoa mantivesse a comunicação apesar de ter perdido a capacidade de falar”, conta o pesquisador principal do estudo, Bruce Campbell, PhD e professor de neurologia, no Royal Melbourne Hospital da University de Melbourne, na Austrália.
“Além de fornecer aos pacientes capacidades comunicativas impossíveis como resultado de sua doença, nosso objetivo é permitir que os pacientes sejam envolvidos de forma mais independente em seus cuidados daqui para frente. Isso permitirá uma comunicação eficaz e mais rápida diretamente com seu cuidador e médico”.
Todos os benefícios deste novo implante cerebral para pacientes com paralisia foram apresentados na Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia (AAN) de 2022, no dia 7 de abril.
Também conhecida como Doença de Lou Gehrig, a Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores. Os pacientes com a condição perdem a capacidade de controlar da musculatura esquelética, que controlamos voluntariamente – levando à paralisia total dos movimentos do corpo.
“Estender o período em que os pacientes são capazes de se comunicar com entes queridos e cuidadores pode proporcionar um benefício muito significativo para a qualidade de vida deles”, disse Weber.
Os implantes medem e traduzem sinais cerebrais, funcionando como neuropróteses motoras (MNPs). Assim, os BCIs fornecem comunicação direta entre o cérebro e um dispositivo externo, gravando e decodificando sinais do giro pré-central como resultado da intenção do movimento.
“Nos Estados Unidos, a tecnologia tem potencial para capacitar as mais de cinco milhões de pessoas que estão severamente paralisadas para mais uma vez realizar atividades importantes da vida diária de forma independente”, explica Weber.
Até então, as neuropróteses motoras eram instaladas através de uma cirurgia que remove parte do crânio e coloca eletrodos no cérebro. Já o novo implante cerebral para pacientes paralisados é minimamente invasivo, chegando ao cérebro via acesso vascular – dispensando a necessidade de craniotomia.
“O dispositivo BCI usado em nosso estudo é único, pois não requer cirurgia aberta invasiva para implante”, disse Weber. “Em vez disso, este é um BCI endovascular”.
Embora esta seja uma novidade recente no mundo e ainda não aplicada à prática clínica, ela traz novas perspectivas de tratamento para uma doença a qual ainda não dispomos de tratamento.
A Clínica Neurológica tem especialistas em doenças neurodegenerativas que estão prontos para atender e acolher pacientes com necessidades especiais.