

Apesar de a cefaleia ter sido considerada um sintoma menor nos pacientes infectados por Covid-19, na prática clínica observa-se que o sintoma frequentemente está presente. Estudos mostram que cerca de 10% dos pacientes com Covid-19 apresentam dor de cabeça, mas o aumento da prevalência de cefaleia após a pandemia passa para algo em torno de 60% (taxa que previamente se aproximava dos 25%) e nos faz pensar que provavelmente a queixa tem sido subnotificada. Países como China, Coréia e Índia tiveram um aumento de 5 vezes na incidência depois do início da pandemia.
Cefaleia em pacientes com Covid-19
A cefaleia encontra-se presente em cerca de 25% dos pacientes infectados por Covid-19 e geralmente aparece já no início da doença. Em metade dos pacientes ocorre já no primeiro dia de sintomas e sendo o primeiro sintoma a aparecer em 24% dos infectados.
Mesmo que os outros sintomas da infecção melhorem com o passar dos dias, a média de duração da dor associada ao Covid-19 é de 2 semanas. Na vigência de infecção por Covid-19 a dor costuma ser bilateral, de intensidade moderada a forte, caracterizada como pulsátil ou em pressão, por vezes acompanhada de náusea e aversão a luz ou barulho, lembrando outras cefaleias comuns como a tensional e enxaqueca.
Um padrão de dor menos comum, a cefaleia da tosse, que representa 1% das cefaleias existentes, acontece em até 10% dos pacientes dor de cabeça associada a Covid-19. A ocorrência de dor foi mais frequente naqueles pacientes que já tinham enxaqueca antes da infecção, e nestes a dor tem uma tendência a ser mais prolongada e intensa.
Acredita-se que a o sintoma aconteça em consequência a fatores como lesão viral direta, inflamação, hipoxemia e alterações da coagulação. Um trabalho publicado com dados de pacientes de Pernambuco mostrou que nos pacientes com anosmia (perda de olfato) e cefaleia por Covid-19, os sintomas costumam surgir no mesmo dia, e que pessoas com distúrbio do paladar ou olfato tinham mais chance de ter dor de cabeça.
Ainda não existem muitos dados de qual seria o tratamento mais adequado para tratar a cefaleia associada ao Covid-19, mas o indicado é fazer a escolha terapêutica de acordo com o padrão da dor.
Apesar de ser um sintoma incômodo, a ocorrência da dor foi considerada um fator protetor, sendo que os pacientes que a apresentaram tiveram menos necessidade de ventilação mecânica e também menor taxa de mortalidade.