

Ainda se ouve muitos conceitos e opiniões sobre o TDAH. “Dar opinião” sobre determinado assunto mesmo sem conhecê-lo é bastante comum na atualidade, e frases como “antigamente não existia TDAH”, “isso é invenção para vender remédio”, ou “é só ser mais firme com a criança que ela melhora”, demonstram desconhecimento e preconceito.
Histórico do Transtorno
Desde o século XIX (dezenove), se estuda a instabilidade psicomotora e comportamental, sintomas presentes hoje no TDAH. Esse tema recebeu várias denominações ao longo do tempo, tais como: síndrome da criança com lesão cerebral, síndrome da criança hiperativa, disfunção cerebral mínima, agitação e, mais recentemente, TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.
O termo “Disfunção Cerebral Mínima (DCM)” foi criado após várias discussões, sendo criticado por sua natureza controversa e imprecisa, embora tenha sido muito utilizado e aberto caminho para as terapias farmacológicas, especialmente com o uso do metilfenidato.
O que significa TDAH
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento neurobiológico, com um fundo orgânico estabelecido, em que estão envolvidos disfunções de circuitos neuronais associados com a capacidade de atenção e o controle inibitório. Estas alterações possuem causa genética associada a fatores ambientais, que atuaram em um cérebro imaturo, modificando o funcionamento adequado de tais circuitos.
Existe, portanto, toda uma comprovação científica do porquê e como ele acontece. Avançou-se muito em conhecimento, mas ainda existe muito preconceito.
A desinformação leva ao preconceito
Várias iniciativas foram tomadas, com base no esclarecimento do público sobre a real importância deste transtorno, para orientar o diagnóstico adequado e principalmente o tratamento precoce, antes de complicações acontecerem. Dentre estas iniciativas, existe o Dia Mundial de Conscientização do TDAH, comemorado todo 13 de julho, data já reconhecida oficialmente pela Organização Mundial de Saúde.
Recentemente, artigo de revisão publicado em revista científica, reuniu o parecer de várias autoridades em neuropsiquiatria de alcance internacional, com o título: DECLARAÇÃO DE CONSENSO DA FEDERAÇÃO MUNDIAL DE TDAH: 208 CONCLUSÕES BASEADAS EM EVIDÊNCIAS SOBRE O TRANSTORNO. Este é um documento que foi revisado e assinado por 80 pesquisadores internacionais, de 27 países, em 6 continentes.
O objetivo do artigo é apresentar os dados sobre o TDAH que possuem embasamento científico, de modo a esclarecer pontos que eventualmente são apresentados como “polêmicos” na mídia leiga ou pelos “pseudo-especialistas” em TDAH.
Alguns pontos importantes do artigo mostram a dimensão do transtorno:
- O TDAH ocorre em aproximadamente 6% das crianças e jovens e em 2,5% dos adultos;
- A maioria dos casos é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais;
- Há pequenas diferenças entre o cérebro de pessoas com TDAH e cérebros sem o transtorno;
- O TDAH custa à sociedade centenas de bilhões de dólares a cada ano, em todo o mundo.
Fonte: ScienceDirect
Dr. Fábio Agertt é Neurologista Neonatal na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça os tratamentos realizados em Neurologia.