Dra. Vera Braatz, neurologista na Neurológica, participou do 15º Congresso Brasileiro de Clínica Médica, realizado em Florianópolis-SC. O evento contou com mais de 5 mil participantes, incluindo acadêmicos de medicina e médicos experientes, especializados nas diversas sub-áreas de atuação da Clínica Médica.
Dentre as inúmeras palestras relacionadas à neurologia, Dra. Vera Braatz foi responsável por palestrar sobre o tratamento das crises convulsivas e crises não epilépticas psicogênicas, conhecidas popularmente também como crises conversivas, na sala de emergência. Confira as principais diferenças entre elas.
O que são crises epilépticas?
Crises epilépticas (convulsivas) são manifestações decorrentes de descargas elétricas anormais, que podem estar relacionadas à ampla gama de condições, desde desordens metabólicas (como alteração dos eletrólitos, do açúcar no sangue ou quadros infecciosos gerais), efeitos colaterais de medicamentos ou substâncias, relacionados à condições neurológicas de base, entre outras causas. O diagnóstico correto é imprescindível, pois a escolha do tratamento está diretamente relacionada à causa base.
O que são crises não-epilépticas psicogênicas?
As crises de origem não-epiléptica, apesar de terem apresentação clínica que pode se parecer com uma crise epiléptica, não são decorrentes de descargas elétricas anormais. Sua origem é psicogênica, muitas vezes com associação com outros distúrbios psicológicos ou psiquiátricos. Muitas vezes não é identificada corretamente, levando ao atraso no diagnóstico e tratamentos inadequados, com impacto negativo na qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes.
Além disso, até 20% dos pacientes com epilepsia podem ter crises não epilépticas psicogênicas associadas, o que torna o diagnóstico e manejo ainda mais desafiador.
Diagnóstico dos diferentes tipos de crises
O manejo de crises epilépticas e crises não epilépticas psicogênicas é centrado em diagnóstico adequado e tratamento apropriado para as situações específicas. Algumas particularidades da história clínica e descrição detalhada das crises pode auxiliar o neurologista atento a diferenciar um tipo do outro. O registro das crises com vídeo de celular também pode trazer informações adicionais muito valiosas nesta situação e deve ser incentivado. Quando houver dúvida diagnóstica, o uso do vídeo-eletroencefalograma prolongado com registro de crises é o padrão-ouro (mais indicado) para definição.
Conclusões
O diagnóstico de crises epilépticas e crises não-epilépticas psicogênicas pode ser desafiador, atrasando o manejo adequado. Atenção especial deve ser dada a detalhes de história clínica e o registro de vídeos caseiros pode auxiliar nesta etapa. Em caso de dúvidas, exames de vídeo-eletroencefalograma prolongados podem ser necessários para definição.