Epilepsia é uma das doenças neurológicas mais prevalentes, afetando 1 a cada 50 pessoas no mundo. Sua investigação e tratamento são complexos, com o objetivo final de controlar as crises, assegurar o desenvolvimento cerebral e tratar outras condições associadas.
Dra. Vera Braatz, Neurologista da Neurológica, dedicou o ano de 2017 a aperfeiçoar os conhecimentos em epilepsia no Queen Square e Epilepsy Society, em Londres, na Inglaterra. Neste post, trazemos os avanços no tratamento de epilepsia, de acordo com grandes centros mundiais, para conhecimento de pacientes e interessados. Confira a seguir.
O tratamento de epilepsia inicia com a investigação da origem da doença
Há um enfoque crescente na investigação da epilepsia, baseado na premissa de que conhecendo o motivo da doença podemos ajustar o tratamento de maneira mais eficaz. Esta etapa inclui avaliação inicial padrão, com detalhamento do(s) tipo(s) de crise, doenças associadas, informações de eletroencefalograma prolongado e exames de neuroimagem. A grande novidade são os importantes e recentes avanços no campo da genética; o estudo do genoma pode guiar o tratamento e aconselhar famílias. Este é o tópico do momento em epilepsia e está cada vez mais acessível. Uma caminhada que se inicia agora, mas é garantido que muito se ouvirá sobre genética em epilepsia nos próximos anos.
Avanços cirúrgicos no tratamento de epilepsia
No campo do tratamento “além dos remédios”, já não é mais novidade que a cirurgia de epilepsia é um tratamento seguro e eficaz. Apesar de cada vez mais difundida, ainda são poucos os centros de investigação cirúrgica no Brasil –temos muito a avançar.
A cirurgia é indicada para casos específicos, após uma série de exames detalhados, conduzidos pelo neurologista especialista em epilepsia. Pode ser uma opção de cura para a doença. Outra modalidade cirúrgica, está menos invasiva, consiste na estimulação de nervo vago, que pode levar a um melhor controle das crises em pacientes de difícil controle.
Além das opções cirúrgicas, a terapia nutricional com dieta cetogênica também é uma aliada no tratamento dos casos mais desafiadores, sendo disponível para adultos e crianças em todos os grandes centros mundiais. Estudos com suplementação rica em óleos especiais vêm sendo conduzidos e tem se mostrado promissores.
Cuidado personalizado contribui para avanços no tratamento
Vale lembrar a importância do cuidado ao paciente, incluindo atenção especial para os fatores além das crises, como:
- Queixas de memória;
- Alterações de humor (depressão, ansiedade, irritabilidade);
- Condições clínicas (hipertensão, diabetes, colesterol alto, osteoporose);
- Cuidados com crescimento e desenvolvimento;
- Preocupação com interação entre os remédios; e
- Planejamento familiar.
Tudo isso merece cuidado específico, englobando desde orientações simples até ajustes do tratamento.
Conclusão
O cuidado ao paciente portador de epilepsia é complexo e depende de múltiplos fatores. O sucesso do tratamento depende da atenção dada a cada um desses detalhes. Não há “fórmula mágica” nem no Brasil, nem no exterior. Mas há sim a certeza de que muito pode ser feito para melhorar o tratamento, a segurança e a qualidade de vida do paciente portador de epilepsia e sua família.