Estima-se que até 10% dos bebês apresentam desde o nascimento ou desenvolvem nos primeiros meses de vida uma condição chamada Plagiocefalia Postural ou assimetria do crânio (cabeça torta), relacionada a vários fatores como gemelaridade (gêmeos), posição pélvica ao nascer (quando o bebê nasce sentado), preferência de lado para dormir, torcicolo congênito (posição lateralizada da cabeça preferencialmente ou exclusiva para um lado), prematuridade, hipotonia (fraqueza muscular em que o bebê é “molinho”), entre outros fatores.
Como identificar a deformidade de crânio
A fase inicial do diagnóstico é a observação em casa pelos cuidadores. Podem ser usadas pelo Pediatra medidas do crânio como o perímetro cefálico e os diâmetros biauricular e occipúcio-glabelar, porém o mais eficaz é a avaliação do formato do crânio, que não necessita de muita experiência para suspeitar da deformidade (Plagiocefalia Postural).
O formato do crânio varia de pessoa a pessoa, mas de maneira geral é ovoide, um pouco mais largo na região posterior e discretamente mais estreito na região anterior. Portanto, visto de cima apresenta uma forma oval.
Escafocefalia
Em alguns bebês, a cabeça pode ser mais achatada no sentido anteroposterior (de frente para trás), apresentando um grau de Braquicefalia (alargamento), ou o crânio é mais alongado, caracterizando Escafocefalia, conforme imagens.
Plagiocefalia
No caso da Plagiocefalia, há um achatamento da região posterior de forma persistente e conforme o crânio cresce nos primeiros meses, acentua-se rapidamente, a ponto de fazer com que o bebê tenha cada vez mais dificuldade de deitar-se para o lado contrário, formando um ciclo vicioso que precisa ser revertido com relativa urgência, visando a melhora nos meses seguintes.
Como é possível o crânio entortar?
O osso é um tecido vivo, resistente, mas que se molda devido a estímulos de força dinâmica. O crânio dos bebês apresenta divisões, chamadas suturas e fontanelas (a fontanela anterior é popularmente chamada de “moleira”), que separam os diferentes ossos do crânio e são móveis para o crescimento do mesmo, permitindo discreto movimento de forma muito lenta. Além disto, a composição mais estreita e maleável dos ossos dos bebês permite que a própria gravidade exerça uma tração lenta contínua, modificando o formato dos ossos se estes não mudam de postura frequentemente.
É necessário algum exame para chegar ao diagnóstico?
Em geral a avaliação clínica no exame físico pediátrico é suficiente para determinar o diagnóstico e tratamento, que é relativamente simples. Em alguns casos, se houver dúvida de que as divisões (suturas) dos ossos estão se fechando ou no caso de fechamento precoce da fontanela anterior, o tratamento pode ser cirúrgico – isto porque neste caso as outras medidas de tratamento não serão efetivas.
Como é feito o tratamento da deformidade de crânio?
Existindo a abertura da fontanela e demais suturas (divisões do crânio), descarta-se procedimento cirúrgico, que apesar de efetivo e bastante seguro, não é isento de riscos. A principal medida é eliminar os fatores que causaram a assimetria, evitando que o bebê permaneça muito tempo deitado para somente um lado. Para isto, deve verificar se existe torcicolo congênito (posição lateralizada da cabeça preferencialmente ou exclusiva para um lado), caso que provavelmente necessitará Fisioterapia Motora e em algumas situações, avaliação com Ortopedista. O bebê deve ser estimulado a deitar a cabeça para o lado contrário do achatamento, porém o tronco (corpo do bebê) até 6 meses de vida deve sempre ser colocado para dormir em decúbito dorsal (deitado de costas).
Muitas vezes a criança permanece sempre deitada para o mesmo lado no berço, então inverter a cabeceira deste pode ser útil, assim como mudar a posição de amamentação no colo da mãe. Outro fator que favorece a postura errada da cabeça é permanecer no bebê-conforto ou carrinho por muito tempo. Estes são meios de transporte seguros para o bebê, mas não devem ser usados para dormir ou permanecer em casa.
Outras medidas como colocar o bebê durante o dia e acordado em posição prona (de barriga para baixo) para brincar, estimular que fique sentado com apoio a partir de 4-5 meses de vida também são medidas efetivas, sob orientação do Pediatra ou Fisioterapeuta. O ideal é identificar precocemente e tratar o mais rápido possível, pois o formato crânio se define entre 1 ano e 3 meses a 1 ano e 6 meses de idade, e a assimetria que permanecer até então será mantida para a vida adulta.
Conclusão
Plagiocefalia Postural é um tipo de deformidade de crânio que pode gerar complicações estéticas ou mesmo funcionais. Precisa ser identificada precocemente, pois a instalação é relativamente lenta, demorando semanas a meses para ser percebida, porém sua reversão com o tratamento pode ser ainda mais lenta.
