Afinal, idosos podem dirigir?
Idade avançada, por si só, não exclui dos idosos o direito de dirigir. Certamente essa é uma das conversas mais difíceis de abordar no consultório e a importância que o ato de dirigir tem para o paciente deve ser levada em consideração, para que possamos respeitar sua independência, e ao mesmo tempo, manter o paciente e a comunidade seguros.
Conforme vamos envelhecendo e às vezes nos tornando mais frágeis, é importante avaliar o risco de atividades cotidianas como caminhar com segurança, evitar quedas e acidentes de trânsito.
Na terceira idade, deve-se redobrar os cuidados cotidianos
Lesões por acidentes automobilísticos são a principal causa de morte associada a trauma em idosos de 65 a 74 anos. Entre aqueles de 75 a 84 anos, perdem somente para as quedas. Além disso, o risco de fatalidade entre motoristas acima de 84 anos é 9 vezes maior do que o de adultos entre 25 e 69 anos.
Esse tema deve ser discutido mesmo por aqueles com raciocínio preservado, devido ao potencial risco de acidentes associado a outras doenças sistêmicas e ao uso de medicações.
Casos de risco em potencial ao motorista
1. Medicamentos com efeito sedativo e que afetem os movimentos são perigosos tanto para idosos como para jovens. Com destaque aos:
- Analgésicos.
- Antidepressivos.
- Anti-histamínicos/remédios para alergia.
- Antipsicóticos.
2. Patologias comuns como:
- Epilepsia.
- Artrite (principalmente de joelhos e quadril).
- Apneia do sono.
- Hemodiálise.
- Arritmias.
- Infarto do coração.
- Parkinson.
- Catarata.
- Neuropatias (doenças que acometem os nervos periféricos) que afetam a sensibilidade e coordenação dos membros.
Todos esses casos devem ser avaliados pela possibilidade de atrasar reflexos e causar episódios de mal-estar ao condutor.
Adaptação para idosos no volante
Levando em consideração a rotina e a autonomia do paciente, é possível adaptar a direção individualmente antes de desaconselhá-la por definitivo. Por vezes evitar auto estrada, trânsito pesado, trechos com desvios, período noturno e condições climáticas que diminuem a visibilidade são boas escolhas que não limitam tanto a independência.
Para aqueles aos quais dirigir é um ato desaconselhado, devem ser expostas outras possibilidades de locomoção disponíveis, como o Transporte Eficiente.
Buscando ajuda médica
O neurologista pode auxiliar a idoso e a família a avaliar sua segurança na direção, assim como na busca de adaptações necessárias para a manutenção da habilitação.
Idealmente, o assunto deve ser abordado antes de acontecerem problemas graves e rediscutido caso o paciente sofra alguma irregularidade na saúde, como um AVC ou uma nova internação.
Durante a consulta é importante a presença de um familiar para ajudar a coletar informações sobre possíveis episódios de desorientação ou acidentes prévios.